Reflexo cor de rosa

Hoje é o último dia de junho, e consequentemente também é o último dia da festa mais amada aqui no Brasil, a festa junina.

Frequentar festas juninas me faz desbloquear memórias passadas. Memórias boas, eu confesso. E digo mais, momentos que eu jamais imaginei sentir falta ou desejar reviver. Acho engraçado ter chegado em um ponto que sinto falta desses momentos.

No ensino fundamental eu estudava na parte da tarde. Era uma escola católica, com freiras, capela interna e tinha até bosque. Lembro que na frente da escola tinha uma praça com coreto. E na lateral da escola, ao atravessar a rua, tinha uma igreja gigante. E era atrás da igreja que tinha uma linda festa junina.

Era de lei a minha mãe passar na festa junina depois de me buscar na escola. Não me lembro se tinha brincadeiras, como tiro ao alvo ou pescaria, mas me lembro que tinha pastel, caldo de costela, caldo de feijão e canjica. Minhas mãe sempre comprava caldo de feijão para ela. Eu nunca conheci aluguém que gosta tanto de caldo de feijão igual a ela. Comprava caldo de costela e canjica para a irmã dela e para eu.

Alguma vezes levávamos potes de plástico para comprar os caldos e canjicas e levar para comer em casa. Apesar de cada barraquinha disponibilizar as embalagens, levávamos algumas bem maiores. E ela sempre pensando nos outros. Levava para uma outra irmã também.

Que delicia de lembrança. Era tão bom!

Eu tento repassar essa "magia" da festa junina para o meu filho. Levei ele em festas de igreja e aproveitamos muito. Sem falar no tanto de brinquedo que ele conseguiu pescando peixinhos de plástico na pescaria. Espetinho de morango com chocolate é o preferido dele. Experimentou caldo de costela e amou. Canjica ele passa. rs

Junho é um mês tão gostoso. Além das festas juninas que acontecem espalhadas pela cidade, ainda é um mês antes das tão esperadas férias escolares.

Adeus, Junho e festas juninas. Agora pode vir, Julho, mês de aproveitar a minha criança preferida em casa.

A maternidade é um rio que não avisa quando vai mudar.
Ela chega sem pedir licença, sem dar explicação,
E quando você se dá conta, está mergulhada nela.
Uma correnteza que te envolve, te carrega,
Te transforma, te redefine.

Antes, você era só você,
Com sonhos que dançavam soltos no vento,
Com o controle da própria jornada.
Mas a maternidade não te pergunta,
Ela apenas diz: "Agora, você é mais."
E no instante em que ouve o primeiro suspiro,
O mundo deixa de ser o mesmo.

Você não percebe, mas começa a se desfazer,
A abrir mão do que acreditava ser essencial.
Porque de repente, no lugar do que era seu,
Há algo maior, mais urgente, mais puro.
Os olhos que antes buscavam apenas o seu reflexo,
Agora buscam o bem de outro ser,
E esse olhar te transforma, te muda de dentro para fora.

A maternidade é um jardim que floresce de repente,
Mas que exige cuidado, atenção e paciência.
Você aprende a ser forte quando só sente fraqueza,
A ser calma quando a ansiedade transborda,
A ser silenciosa quando tudo o que você quer é gritar.
Porque em cada suspiro do seu filho,
Você entende o valor do seu próprio silêncio.

Ser mãe é um processo de desconstrução,
É deixar para trás as certezas que antes tinham peso,
E caminhar pela vida carregando uma nova leveza.
Uma leveza que vem da aceitação,
Da entrega, da vulnerabilidade.
Você deixa de ser uma só,
E se torna muitos, todos ao mesmo tempo:
Mulher, mãe, ser humano, guerreira.
Tudo se mistura, tudo se funde.

A maternidade também é um espelho,
Que reflete suas fraquezas e suas forças.
Que te ensina que você nunca saberá tudo,
Mas que, ainda assim, você é capaz de dar o melhor.
Você se encontra perdida em meio à confusão
E, paradoxalmente, se encontra mais inteira
Do que jamais pensou ser.

A cada passo, a maternidade te molda,
Como o vento que suaviza uma pedra.
Com o tempo, você se torna mais forte,
Mais capaz de amar sem limites,
De dar sem esperar, de ser sem hesitar.
Porque ela te ensina o que é o amor verdadeiro,
Um amor que não pede nada em troca,
Que se renova, que se transforma,
Que te faz sentir que você é tudo e nada ao mesmo tempo.

Na maternidade, você aprende a ser heroína e humana,
A carregar um universo inteiro no peito,
A se dividir em mil pedaços e ainda assim ser completa.
E, no fim, o que você mais entende
É que, apesar de tudo o que mudou em você.
O maior milagre da maternidade não é a vida que você traz ao mundo,
Mas a vida nova que nasce dentro de você,
Uma vida que é feita de amor, de insegurança,
De renúncias e de descobertas.

A maternidade transforma,
Ela te quebra para te reconstruir,
Te faz viver uma história que nunca imaginou,
E te ensina que, por mais que o tempo passe,
A cada dia, você renasce,
Mais forte, mais amorosa, mais inteira.
Porque ser mãe é, antes de tudo,
Ser transformada por uma força que é maior que você,
E que te transforma todos os dias,
De maneiras que só o amor pode explicar.